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#23

Rio de Janeiro, 08 de agosto de 2008

Carlos,

Estou tentando te ligar desde ontem a noite, mas você não me atende. Entendo que esteja chateado comigo, sinceramente não sei o que me deu para ter uma atitude daquelas. Você não merece ser exposto daquela forma, nós não merecemos.

Precisava te escrever essa carta pra te dizer como me sinto e para que, se for possível, tu me perdoes pela atitude impensada. 

Há meses não tenho noticias tuas. E não é de hoje que tento conversar contigo para esclarecer a nossa situação. Sinto que ainda me amas, afinal, um amor assim como o nosso não pode terminar de uma forma tão definitiva, como uma folha que se desprende da árvore e é levada pelo vento para longe dos olhos. Ando preocupada, sem conseguir me concentrar em nada ao redor. Por vezes deito e tardo a dormir, quando vejo, o sol anuncia a manhã com os primeiros raios quentes que me cegam quando ainda estou na cama pensando em ti. Quero saber se andas te alimentando, tomando teus remédios, indo ao médico regularmente, cumprindo teus horários. Preciso saber se andas falando com teus amigos, se ainda falas em mim, se ainda pensas em mim, se ainda sou alguém na tua vida.

Como disse, eu sei que nada justifica o que fiz ontem, mas como diz o poema do Oswaldo Montenegro, "Que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade também". Tu sabes o quanto eu te amo e como tem sido difícil passar os dias sem ouvir tua voz. Me desacostumei da vida sem você e agora, é como se eu não soubesse como andar, como se eu falasse uma língua que as outras pessoas não entendem, como se eu vivesse em uma realidade que não é a minha.

Como tu pensas que pode existir vida sem nós dois se desde que nos vimos pela primeira vez que já não imagino o próximo passo sem que ele seja a teu lado? Como tu pensas que devo voltar aos meus afazeres normais se até quando corto uma cebola pra temperar o macarrão que tu tanto gostavas, lembro de momentos que nunca mais voltarão a ser meus? Como tu pensas que eu poderia manter o controle de pensar que essa tua boca que é minha poderia beijar outra boca ou tua mão acariciar um corpo que não é o meu? Como podes me imaginar dissociada de ti? Como se não fossemos um. Não lembras mais de tuas promessas? Como ousas quebrar a promessa de amor eterno, pactuada nas noites em que passamos juntos nos amando como se não houvesse amanhã?

Se fiz o que fiz, a culpa também é tua e queria que percebesses isso. Mas tu não entendes. Ninguém entende que, se hoje estou nessa situação, a culpa também é tua!

Mas venho aqui para te pedir desculpas, para que não aches que estou louca. Não estou louca, apenas amo loucamente. Amo como se só para o amor nascesse. Amo. Amo. Amo. Amo como nunca amei. Amo como quem nunca mais vai amar ou como pra sempre vai te amar. Amo. Amo. Amo. Entendas isso.Que a minha loucura provem desse amor que tu renegas, desse amor que tu te afastas, desse amor que é tão intenso que mal me permite respirar. Por favor, entenda que eu preciso respirar o teu ar para continuar vivendo.

Pra sempre tua,

Olívia

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1 comentários:

Leandro Faria disse...

Não gostei do uso do "tu". Acho que ficou diferente das outras cartas, como se tivesse sido escrita por outra pessoa.

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